A minha Aldeia
Uma malhada
A malhada era uma das actividades em que se dividia o trabalho das ceifas, trabalho realizado ainda os ardores do verão se faziam sentir fortemente.A malhada tinha como objectivo principal, a separação do grão, da palha do cereal que na altura enchia normalmente os campos minhotos: o centeio. Mas a malhada era bem mais que isto; tinha um ritual próprio, por todos os participantes conhecido e respeitado.Os participantes convidados começavam a chegar à eira do "patrão" (o lavrador que promovia a malhada), já o sol declinava no horizonte e a temperatura se tornava mais suportável. Alguns já tinham ajudado na ceifa e, após os cumprimentos da praxe, entretinham-se em amena cavaqueira, em que imperava a boa disposição. Enquanto se esperava pelos convidados importantes (malhadores com créditos bem firmados), ia-se beberricando o saboroso verde tinto, sempre apreciado por quem tinha permanentemente a garganta seca, servido em generosas malgas ou brancas canecas. O "tinto" chegava a ser a imagem de marca do lavrador.Chegada a hora julgada conveniente, cada qual pegava no seu malho e, sob o olhar conhecedor e atento do "polaina" (o malhador mais credenciado) que conduzia o trabalho, tinha início a malhada.Sendo uma actividade onde, apesar de tudo, se dispendia muito esforço, a malhada não deixava de ser ao mesmo tempo um trabalho divertido e uma competição em que cada malhador procurava esmerar-se no que fazia e por isso era apreciado e julgado. E a fama de alguns chegava longe!...
Do Fundo do Baú - Professor José Machado
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